sexta-feira, 29 de abril de 2016

Professora que teve a casa invadida pela lama afirma: "Agora estou impedida de sonhar".

A professora aposentada Janete Paranho da Silva, 56 anos, teve a casa em que morou durante sua vida toda, condenada por peritos, que ela mesma contratou para que fizessem uma avaliação. Ela residia na rua Minas Gerais, 215, fundos do Parque da Gare. Segundo ela, no dia 11 de março, em função das obras de reformulação do parque, a tubulação estourou, o que fez com que o esgoto e a lama invadissem a sua residência pelo pátio dos fundos.

Desde então, Janete mora na casa de amigos e de parentes, mas afirma que não aguenta mais passar por esse tipo de situação. "Ninguém pode ficar morando por muito tempo na casa dos outros. Eu gostava de morar sozinha com meus bichinhos e também de cuidar do meu jardim", afirma. Ao procurar a administração municipal de Passo Fundo, Janete foi informada de que ela receberia uma ajuda. "Eles me ofereceram o aluguel social, no valor de R$ 400. Agora me diga: onde, por esse valor vou conseguir um lugar com o mesmo espaço que eu tinha aqui na minha casa?", questiona.

Janete é separada e sua filha única, uma advogada de 28 anos, reside há cinco anos no Rio de Janeiro. Quanto à siuação da lama e do esgoto invadirem sua residência, Janete afirma que há tempos vinha alertando as autoridades municipais para o problema, mas diz que sempre lhe deram de ombros. "Eu avisei mais de uma de que isso um dia iria acontecer. Senti como se a lama de Mariana estivesse invadindo a minha casa", diz.

No interior da casa não há uma peça sem barro e lama. Todos os cômodos foram invadidos pelo barro e Janete fala que agora, não sabe mais o que fazer. "É tudo ainda muito recente e não sei se vou vender ou se vou permanecer administrando esse patrimônio. O certo é que agora estou impedida de sonhar. Sou professora aposentada, estou recebendo em parcelas e tenho meu salário comprometido, por que é impossível manter uma casa assim da noite pro dia. Temos que fazer as coisas aos poucos", completa. O caso, segundo ela, está com seus advogados.

O que diz a administração municipal

Segundo o procurador do município, Adolfo de Freitas, assim que a administração municipal tomou conhecimento do caso da professora Janete, deu atenção imediata. "O prefeito a recebeu pessoalmente e o excesso de chuvas pode ter sido a causa de todo o transtorno no local. Já foi realizada uma perícia no local, mas o laudo do perito foi inconclusivo, ou seja, ainda não há como determinar quais os motivos originaram o problema", conta.

Com relação ao aluguel social, Adolfo fala que jamais a prefeitura fez essa oferta à professora e que sim , foi solicitado a ela, que enviasse um requerimento com as suas necessidades para que a prefeitura avalie a possibilidade de custear um aluguel. "Esse processo ainda está sendo analisado, mas não como aluguel social, que é destinado a pessoas que vivem em situação de extrema dificuldade", diz.

Ele revela também que uma série de fatores fez com que o problema acontecesse e não o excesso de água proveniente das obras do Parque da Gare. "A prefeitura não é a única culpada pelo que aconteceu e jamais vamos deixar de dar atenção à professora Janete. A perícia ainda está sendo realizada. O município, o estado a construtora que está fazendo as obras, são réus neste caso. Pretendemos dar uma solução logo, mas o resultado da perícia judicial ainda deve demorar um pouco a sair", finaliza o procurador.

Reportagem e texto: Rodrigo Accorsi/Rádio Planalto.

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