sexta-feira, 22 de abril de 2016

Dilma chega a Nova Iorque e é recebida por brasileiros contrários ao impeachment

Cerca de 40 brasileiros contrários ao impeachment receberam Dilma Rousseff nesta quinta-feira em Nova Iorque aos gritos de "não vai ter golpe". A presidente chegou às 21h (22h, horário de Brasília) na residência oficial do embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Patriota, onde está hospedada. Nesta sexta-feira, ela fará um discurso de três a cinco minutos na cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre mudança climática, no qual deverá fazer breve alusão à crise política no país. De acordo com um assessor, é pouco provável que ela use a palavra "golpe" no pronunciamento.

A cerimônia começa às 8h30 (9h30, horário de Brasília) e Dilma será a terceira a falar, depois do presidente da França, François Hollande, e do rei do Marrocos, Mohammed VI. Depois do encerramento do evento, a presidente participará de almoço com os chefes de Estado na ONU. Além do discurso na ONU, a presidente deverá usar sua passagem por Nova Iorque para dar entrevista a um grupo de jornalistas estrangeiros, na qual repetirá a tese de que o processo de impeachment é ilegítimo e representa um golpe contra seu mandato.

Quando chegou ao edifício na rua 79, Dilma caminhou na direção dos manifestantes e cumprimentou alguns deles. Depois que ela entrou no prédio o grupo passou a gritar "Dilma, cadê você, eu vim aqui te defender".

Os brasileiros aguardaram a presidente com flores, cartazes em defesa da democracia e batucada. Entre palavras de ordem de apoio a Dilma e de ataque ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o grupo cantava uma paródia da música "Aquele Abraço", de Gilberto Gil: "A nossa presidente continua firma, a nossa presidente sempre foi honesta, a nossa presidente pega no batente! Alô, alô, Dilma Rousseff, mulher valente; alô, alô, Dilma Rousseff, fica com a gente".

Há dois anos em Nova Iorque, o estudante de inglês Graciliano Zambonin disse que foi prestar solidariedade à presidente. "Não há crime de responsabilidade que justifique o impeachment", afirmou. Andrea Vizeu, uma das organizadoras da manifestação, disse que o objetivo era defender a democracia no Brasil contra o que acredita ser um golpe -mesma retórica usada pelo governo. Cartazes em inglês estampavam frases como "vamos parar o golpe no Brasil" e "defenda a democracia" e "democracia no Brasil sob ataque".

A maior parte do discurso de Dilma na ONU será dedicado à importância do acordo climático e ao papel desempenhado pelo Brasil em sua negociação. De acordo com a ONU, representantes de 165 países confirmaram presença na cerimônia e muitos deles estão inscritos para discursar.

Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello disse ontem, 20, que a presidente cometerá um "erro gravíssimo" se usar a tribuna da ONU para sustentar que o processo de impeachment é um golpe -principal tese sustentada pelo governo para se contrapor à tentativa de afastamento da presidente. "O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal deixaram muito claro que o procedimento destinado a apurar a responsabilidade política da presidente da República respeitou, até o presente momento, todas as fórmulas estabelecidas na Constituição." A possibilidade também foi criticada pelo ministro Dias Toffoli.

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