quinta-feira, 24 de março de 2016

Dólar fecha em alta de 2,35% com cenário político no centro das atenções

Moeda americana terminou esta quarta-feira cotada a R$ 3,6794



O cenário político voltou a dar o tom dos negócios no mercado financeiro, levando os investidores a adotar uma postura de maior cautela nos negócios. Com isso, o dólar à vista terminou esta quarta-feira, em alta de 2,35% frente ao real, cotado a R$ 3,6794.


A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais assuntos do dia. A vitória parcial de Lula na batalha jurídica em torno das investigações que o envolvem enfraqueceu as apostas no impeachment da presidente Dilma. Assim, o mercado partiu para correções em suas posições compradas em ativos brasileiros.



Também tiveram influência negativa as notícias relacionadas à Odebrecht. Horas depois do anúncio de adesão dos executivos da construtora à delação premiada foram reveladas listas com nomes de mais de 200 políticos, de 18 partidos, que teriam recebido doações do grupo. O mercado recebeu com cautela os dados da lista, devido à incerteza quanto à legalidade das contribuições.


De todo modo, a ausência do nome de Michel Temer na lista gerou certo alívio, por não indicar inviabilização da substituição da presidente pelo vice. As delações da Odebrecht ainda não começaram.


Outro fator de pressão sobre o dólar foram os leilões de contratos de swap realizados pela manhã pelo Banco Central. O BC havia programado para hoje a oferta de até 20 mil contratos de swap cambial reverso (US$ 1 bilhão), em operação equivalente à compra de dólares no mercado futuro, e apenas 2.500 contratos de swap tradicional (US$ 121,3 milhões) para rolagem dos vencimentos de abril. Na prática, ele elevou os esforço para sustentar as cotações da moeda americana.


O cenário internacional não foi amigável ao risco, o que acabou por reforçar essa tendência. Os preços do petróleo tiveram fortes perdas nos mercados de Londres e Nova York e influenciou negativamente as bolsas norte-americanas. Com a maior aversão ao risco no mercado internacional, os juros dos Treasuries caíram, refletindo a maior procura por ativos seguros. Da mesma maneira, o dólar se fortaleceu frente às moedas de países emergentes e exportadores de petróleo.


Bovespa


As notícias do cenário político aumentaram o grau de imprevisibilidade, levando os investidores a adotar uma postura de maior cautela nos negócios com moedas e ações. Com isso, a Bovespa teve nesta quarta-feira, uma sessão de correções e caiu 2,59%, aos 49.690,05 pontos. Foram negociados pouco mais de R$ 6 bilhões, o que representa cerca de 40% da média diária de março.


Entre as ações negociadas na Bovespa, as quedas mais significativas ficaram com as blue chips e as do setor financeiro. Petrobras ON e PN caíram 5,34% e 4,07%, enquanto Vale ON e PNA recuaram 8,49% e 7,08%, respectivamente. Entre as ações que compõem o Ibovespa, Braskem PNA liderou as quedas com perda de 11,73%, devido à repercussão do noticiário envolvendo a Odebrecht, sua controladora.


Taxas de juros


O noticiário político voltou a determinar também a direção das taxas de juros negociadas no mercado futuro nesta quarta-feira. Os fatos mais recentes aumentaram as incertezas dos investidores em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o que justificou o aumento dos prêmios, principalmente nos contratos com vencimentos mais longos. Nos vencimentos curtos, as taxas ficaram praticamente estáveis, influenciadas pela desaceleração da inflação medida pelo IPCA-15 de março.

As taxas já iniciaram o dia pressionadas para cima, em repercussão à decisão de Teori Zavascki de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Lula.


Já a desaceleração do IPCA-15, que recuou de 1,42% em fevereiro para 0,43% em março, foi um contraponto que conteve as taxas dos vencimentos mais curtos. A desaceleração reforça a teoria de que a recessão econômica provocará efeitos desinflacionários.


Por consequência, a inflação menor alimenta apostas em um afrouxamento monetário, embora o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tenha descartado essa possibilidade no curto prazo, em discurso no Senado, na ontem.


Ao final dos negócios na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2016 fechou com taxa de 14,08%, contra 14,07% do ajuste de ontem. O vencimento de janeiro de 2017 terminou em 13,72%, ante 13,71%. O DI para janeiro de 2018 subiu de 13,31% para 13,42% e o de janeiro de 2021 saltou de 13,61% para 13,85%
Fonte: Jornal Correio do Povo 

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